quinta-feira, 3 de maio de 2007

Bailarinos de Dança Clássica: no Palco não se vêem as Mazelas

por Leonor Figueiredo, do Diário de Notícias, de Lisboa


Problemas graves na coluna vertebral, nos joelhos e nos pés são apenas alguns dos sérios contratempos com que se defrontam os profissionais da dança clássica. É por este e outros motivos que a Comissão de Trabalhadores da Companhia Nacional de Bailado coloca hoje online uma petição para que o Parlamento [português] tenha conhecimento das reivindicações."São problemas de saúde específicos dos bailarinos de dança clássica que não se comparam com outras danças, sem desprestígio para elas. Mas a verdade é que sofremos muito com os ligamentos e os meniscos dos joelhos. É preciso ir fazendo operações ao longo da vida. Porque? Porque desenvolvemos uma musculatura que é anti-natural, através dos movimentos que fazemos", revela, ao DN, José Carlos Oliveira, da comissão que quer sensibilizar o Governo para a causa da única grande companhia de dança de repertório em Portugal, com 30 anos de existência. Não são apenas os joelhos que necessitam de intervenção especializada.

"É normal que os homens desenvolvam hérnias discais e há mesmo casos de pessoas que ficaram sem os discos. As mulheres também arranjam deformações na coluna, sem falar nos problemas dos pés e tornozelos decorrentes de fazerem 'pontas'. A densidade óssea de uma bailarina de 30 anos é semelhante à de uma mulher de 60. Imagine-se o que é fazer dieta a vida inteira para se manter o corpo ágil...", sustenta José Carlos Oliveira. Comparam-se aos atletas de alta competição. "Trabalhamos todos os dias, das 09.30 às 18.30. Só temos um mês de férias. A nossa actividade é muito intensa e não é sazonal", acrescenta o elemento ligado à UGT, através do SIARTE, um sindicato de trabalhadores dos espectáculos. A Companhia Nacional de Bailado tem 70 bailarinos, dos quais 15 estão em fim de carreira, havendo ainda cerca de 20 que não poderão continuar a dançar por muito tempo.Um dos casos apontados é o de Ana Lacerda, uma das dez melhores bailarinas da Europa em 2006 e condecorada, pelo então Presidente Jorge Sampaio, com a medalha de mérito. "Ela diz que o físico já não aguenta, mas continua a ser cabeça- -de-cartaz para tudo e mais alguma coisa", alerta José Carlos Oliveira.

(in http://dn.sapo.pt)

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