sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

União e Talento

Que grande noite!


Quem pôde assistir "Grace", espetáculo de encerramento das atividades letivas do Studio Arte Renascence em 2011, teve a oportunidade de conferir toda a trupe em excelente forma. Trabalhando em volta do tema que dá nome ao show - a Graça - com toda a sua carga emocional e proposta filosófica, nossa mestra Eli Ribeiro legou ao palco uma criação plena de sutilezas e transcendência. Sevindo-se de recursos visuais interessantes, Eli criou uma ambientação ritmica bem diferente do espetáculo anterior "Nuance", realizado no ano passado.


Se em "Nuance" o Renascence propunha uma reflexão sobre a figura e o sofrido métier do coreógrafo, explorando através de tons mais contidos uma dramaticidade meio que represada, em "Grace" a trilha percorrida levou à uma exuberância de cores e melodias. Se no espetáculo anterior o azul escuro, intensamente mesclado ao roxo tecia uma atmosfera outonal, em "Grace" o sol brilhava poderosamente dando vazão à explosões de contentamento e felicidade grata pela oportunidade de, apesar de todas as circunstâncias, sentir prazer em viver.


No espetáculo apresentado no último domingo ficou também marcado de modo especial a organicidade estrutural do projeto. Todas as composições levadas ao palco do Teatro São Francisco - e destaca-se que pela primeira vez em todos estes anos as peças da Tradição Clássica rearranjadas por Claudia Spinelli estavam realmente integradas ao tema, numa feliz opção por um realce maior no lirismo do Ballet do que em seu academicismo acrobático - por mais específicas que fossem, seguiam um fio temático; em todas as peças a narração dos feitos da Graça Divina se colocava com vigor, mesmo em momentos onde a sutileza do ritmo impunha certa diluição aos efeitos das dádivas celestes.

Sobre a performance dos intérpretes cabe ressaltar uma brilhante uniformidade; todos os bailarinos apresentaram grande vivacidade cênica, numa clara tentativa de suprir as possíveis perdas técnicas. Tal realidade atesta o entrosamento obtido após meses de intenso ensaio. Quem têve a oportunidade de acompanhar um dia de ensaio preparatório à grande apresentação pôde ver a incrível evolução de alguns intérpretes, sobretudo os solistas. Este suado trabalho de "engrenamento" entre o intérprete e o coreógrafo coube em muitos momentos às professoras assitentes Carina Ribeiro e Valkyria Cardoso.                 

sábado, 10 de dezembro de 2011

Do que o mundo precisa!!!




Eli Ribeiro


Além do trabalho de criação coreográfica e dos ensaios, um evento como GRACE demanda esforços direcionados a outros campos de atividade; um exemplo disso é o trabalho de elaboração e implementação dos figurinos. Ao mesmo tempo que é extremamente custoso e esgotante, é um trabalho de muita emoção. Na última segunda, numa visita à uma de nossas costureiras - Heloisa Domingues - fiquei bastante comovida. Montar uma fantasia obedecendo as especificações estéticas do coreógrafo e enfrentando as limitações orçamentárias típicas de uma escola de Dança localizada num bairro operário é tarefa para gente guerreira e de muita boa vontade. É disso que o mundo precisa: garra de homens e mulhes de boa vontade. À todas nossas parceiras costureiras empenhadas em nosso espetáculo, todo o nosso agradecimento!!!


 Está chegando a hora!!! Grace no Teatro São Francisco, em São Paulo. Explode Coração!!!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Grace: Fé na Arte e Gratidão


Todo o Studio Arte Renascence está em festa!!! Falta pouco para o grande evento do ano. Com direção artística de Eli Ribeiro, o Renascence levará ao palco do belíssimo Teatro São Francisco, no próximo dia 18 de dezembro Grace, espetáculo de encerramento das atividades letivas realizadas em nosso espaço de Dança em 2011.

Com coreografias de Claudia Spinelli e Eli Ribeiro, Grace será dançado pelos alunos do Renascence. Do Baby Class ao Jazz avançado, todo o Studio Arte Renascence está engajado na realização de um espetáculo emocionante e com muito profissionalismo.

Neste ano, Eli propõe uma reflexão sobre o tema da Graça. "A Graça está em tudo! Das coisas mais simples da vida aos grandes desafios, a Graça - este movimentar incrível do invisível - age e renova. Sempre de modo inesperado. Sempre gratuitamente, sem nada em troca." - assinala Eli que, além da direção do espetáculo, assina a criação de diversas peças coreográficas, o roteiro e a produção.

Renascence Ballet trará, todos os dias, informações e novidades sobre mais esta grande ação cultural do Studio Arte Renascence.



Grace
Teatro São Francisco
18 de dezembro - 19 horas
ingressos antecipados: (11) 20468261 * (11) 92522823  

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Verdadeiramente homens e deuses



A providência divina, vigilante que é, não permitiu que a história dos mártires de Tibhirine fosse conduzida ao grande écran por mãos erradas. E, concedendo a Xavier Beauvois a graça de contar este drama, tornou possível a realização de uma pequena obra-prima cinematográfica. Profundamente inspirados pelo alto, diretor e elenco se engajaram num trabalho artístico de uma dignidade e austeridade notáveis. A mensagem destes monges trapistas, verdadeiros apóstolos modernos da tolerância e da reconciliação, covardemente assassinados por terroristas, durante a guerra civil que afundou a Argélia dos finais do século XX num mar de caos, permanece clara, límpida, delicadamente preservada neste filme corajoso. Uma grande celebração da paz e da misericórdia. Obrigatório.






Des Hommes et des Dieux

Xavier Beauvois


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal!!!


O Studio Arte Renascence deseja à todos os seus alunos, professores, parceiros e amigos um Natal maravilhoso e maravilhado com as bençãos que a vida tem a oferecer!


A mensagem da manjedoura é muito mais forte que todo o frenesi contemporâneo por roupas, doces e bebidas. É esta mensagem de beleza ímpar que nos inspira a nunca desistir de se engajar e se emocionar pela mais sublime das artes, a Dança.


Feliz Natal!!!


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Criação da Vida

No próximo dia 28, o Studio Arte Renascence, espaço de difusão da Dança na Zona Leste paulistana, apresenta "Nuance", um elogio à criação coreográfica


Vladimir Neri


No último bimestre do ano, tradicionalmente, os centros de estudos coreográficos e as escolas de Ballet paulistanas reservam as salas teatrais espalhadas pela cidade para apresentar seus espetáculos de encerramento do ano letivo. É uma excelente oportunidade para conhecer este mundo fascinante formado por sapatilhas e espelhos, tablados gastos e respiração concentrada, sonhos e muito trabalho duro. Um mundo onde crianças vindas de meios familiares desestruturados encontram educação sentimental, onde adolescentes cronicamente tímidos conseguem vencer a ansiedade e obter libertação, onde senhoras (e senhores) podem certificar-se - na pele - que a Vida oferece muito mais que a estreiteza de visão em voga quer nos fazer engolir.

No último domingo de novembro, dia 28, um desses espaços de vida e arte localizados em São Paulo - o Studio Arte Renascence - mostra ao grande público o que a Dança foi capaz de fazer em suas salas de aula em 2010. Animado pela professora e coreógrafa Eli Ribeiro, uma profissional com mais de duas décadas de militância na causa rítmica brasileira, o Renascence - como é chamado por seus alunos, parceiros e amigos - é uma daquelas escolas de Dança, onde a paixão e o respeito pela Arte produzem verdadeiros milagres num bairro onde as demandas por sobrevivência econômica acabam por adiar realizações a tempos indefinidos ou por espalhar sem misericórida a aniquilação dos sonhos.

"Nuance", idealizado e dirigido por Eli, trará para o palco do belíssimo Teatro São Francisco, no Belém, peças coreográficas de Jazz, Ballet Clássico e Dança Contemporânea compostas por Claudia Spinelli e Eli Ribeiro - mestras do Renascence, além de trabalhos dos novos talentos nascidos e criados na casa Carina Ribeiro e David Melo. São cerca de 30 estudantes-bailarinos mostrando a ação transformadora que o amor à Arte pode implementar, não importando as contingências do lugar e do momento, e prestando uma homenagem toda especial a este fazer humano tão significativo que é a criação coreográfica.

Neste dia 28, o Renascence conclama à todos a celebrar este poder criador, de intensidade emancipatória e libertária impressionante, e mais que necessário a este mundo cada vez mais travado e sem leveza.


Nuance
Studio Arte Renascence
Teatro São Francisco
Av. Regente Feijó, 412 - Água Rasa - Belém
(próximo ao Shopping Anália Franco)
dia 28 de novembro, domingo - 18 horas
R$ 20,00


sábado, 30 de outubro de 2010

O Brasil de Marina


Fugindo do tom laudatório típico da marioria dos livros do gênero, Marília de Camargo Cesar retrata em "Marina: A Vida por uma Causa", biografia da presidenciável Marina Silva, um outro Brasil.

Vladimir Neri

Marina Silva é uma pessoa iluminada. Dona de uma das trajetórias políticas mais extrordinárias e fascinantes que nosso país já pôde acompanhar, a senadora Marina oferece à jornalistas e biógrafos profissionais um "campo de trabalho" vasto e promissor. Marília de Camargo Cesar soube bem explorar esta imensa lavoura, próspera em tons dramáticos em seu "Marina: A Vida por uma Causa" (Ed. Mundo Cristão). Mas, ao contrário de certos aventureiros que, desejosos de grande auto-promoção midiática (e boas vendas de suas criações), servindo-se dos perfis pessoais, acabam por promover beatificações descaradas de seus biografados, Marília de Camargo Cesar mantém o equilíbrio e não cede aos sentimentalismos fáceis, nem a tentação de compor um elogio cego da parlamentar acreana.

A história de Marina emociona. Mas talvez mais emocionante que vislumbrar sua disciplina, sua expressiva auto-determinação, seu apetite por vencer e sua suposta predestinação divina, seja travar contato com o "país" onde Marina Silva nasceu, sobreviveu, cresceu e se fez conhecida; um país cuja extensão territorial não se limita à Av. Paulista ou à Copacabana, ao Projac ou ao Planalto. O Brasil de Marina é um território que, a despeito do profundo descaso do centro, tem vida própria, seguindo um ritmo próprio permeado por privações, problemas estruturais gravíssimos, injustiças medievais, mas também por mobilizações íntimas e coletivas, insubordinação existencial, muito trabalho e sobretudo, muita atitude. Camargo Cesar, num estilo ágil próprio do jornalista que imerso em determinada realidade, tem à inteira disposição todos os recursos necessários para contar o que viu, leu, conversou e respirou, enxerga em Marina esta paisagem inquieta composta por seringueiros constantemente ameaçados pela voracidade dos interesses dos coronéis, mas que, vencendo todos os prognósticos e sombrias perspectivas, permanecem fortes e avançam, buscando no mútuo apoio e na auto-conscientização a fonte de energia indispensável para persistir.

Em "Marina", aprende-se também que a história dos brasileliros não começou com Collor de Mello, com a conquista do Tetra ou com o surgimento do Plano Real. Há muito tempo atrás Chico Mendes e seus companheiros (ente eles, Marina), lutavam pelo fim do opróbrio na extrema Amazônia e incendiavam o imaginário local com suas propostas de defesa da floresta e pão para todos; tudo isso em pleno hiato ditatorial e tendo, somente, a ajuda de alguns poucos homens e mulheres ligados à Igreja Católica brasileira.

Este Brasil instigante, mostrado com competência por Marília de Camargo Cesar, pode, um dia, se fazer ainda mais presente no outro Brasil - o Brasil abaixo do Equador - e quem sabe, mudar verdadeiramente para melhor, a realidade desta imensa república ainda cheia de florestas e de gente dizendo adeus.


Marina: A Vida por uma Causa
Marília Cesar de Camargo
Ed. Mundo Cristão