sexta-feira, 27 de abril de 2007

A Dança e seus estilos: Jazz

por Camila do Amaral

O Jazz como estilo de dança tem sua origem bastante interligada ao ritmo musical de mesmo nome. Ambos têm raízes essencialmente populares, provenientes da cultura afro-americana. Considerado uma manifestação própria dos escravos negros das plantações de algodão e tabaco no sul dos Estados Unidos, o Jazz desenvolveu-se a partir de influências das danças africanas. Ainda no século XVIII, o uso de tambores foi proibido no sul dos Estados Unidos para evitar insurreições entre os escravos e, para executar suas danças, eles passaram a improvisar com outras formas de som, tais como palmas e movimentos similares ao sapateado. Esse fato foi essencial para fazer do Jazz uma forma de expressão corporal criada e sustentada pelo improviso.

Todavia, essa cultura absorveu também influências diversas. Algumas importantes características vieram direto da música e da dança branca, mais propriamente da dança popular de raiz européia. No começo do século XIX, quando alguns grupos de bailarinos irlandeses começaram a atuar nos Estados Unidos, as danças afro-americanas eram interpretadas por brancos, que muitas vezes pintavam suas faces de negro para parodiar, cantar e dançar como tais. Assim, pelo que parece claro, a influência se deu por via de imitação. As polcas, quadrilhas, marchas, danças irlandesas e inglesas começaram a se misturar com as danças negras para dar lugar às primeiras manifestações do Jazz que conhecemos hoje.

No início do século XX, as danças afro-americanas começaram a ser apresentadas nos palcos e a sofrer novas influências do Cancan e do Charleston (Dança popular americana caracterizada por vigorosos movimentos dos braços e projeções laterais rápidas dos pés. Recebeu o mesmo nome da cidade de Charleston, no estado da Carolina do Sul). Gradativamente, o Jazz foi tornando-se uma fusão de todos esses estilos e assimilando também princípios do Balllet Clássico - seqüências de piruetas, saltos, flexibilidade, passos aliados ao raciocínio rápido e precisão de movimentos – e da Dança Moderna – com seqüências de força, sensualidade e exploração de novos padrões de movimentação.

O Jazz atual tem características marcantes, provenientes de todas as influências mencionadas e da evolução do próprio estilo. A explosão de energia que se irradia dos quadris e o ritmo pulsante que dá o balanço e a precisão do movimento são típicos desse estilo. Muitos comentários do meio artístico e crítico, entretanto, falam do Jazz como uma dança de pouco valor coreográfico, por ser uma mistura de vários estilos derivados de um processo de improvisação. Todavia, a meu ver, o que torna o Jazz uma dança cativante e explosiva é justamente o fato de ser híbrida e associar movimentos corporais a ritmos diversos.

Infelizmente, o Jazz vem sofrendo, nos últimos anos, uma perda de adeptos. Grandes nomes, que no passado dominavam o estilo, estão enveredando para a Dança Contemporânea, devido à baixa atualização de linguagem. Mesmo assim, o Jazz dificilmente morrerá, pois requer conhecimentos em diversas modalidades de Dança e, por isso, faz com que o bailarino esteja apto a desenvolver e inovar o próprio estilo, caracterizado por fortes movimentos de expressão corporal e por seu ritmo pulsante. Os adeptos do Street Dance, do Ballet Moderno e até mesmo do Contemporâneo buscam freqüentemente no Jazz métodos de fundamentação técnica, diferentes dos que já utilizam, para se tornarem bailarinos cada vez mais ecléticos. Com isso, ao mesmo tempo que aprimoram suas técnicas e assimilam novos movimentos, esses bailarinos renovam o Jazz, tornando-o um estilo ainda mais contagiante.


(in http://pe360graus.globo.com/colunistas360)

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