Torcendo o Nariz
Ao longo dos anos, o Frevo foi ganhando vida, com arranjos e cadências próprias. No dia 9 de fevereiro de 1907, a palavra Frevo foi pela primeira vez registrada em um jornal da capital, conhecido como Jornal Pequeno, considerado o matutino que melhor fazia cobertura da folia de Momo. Com a evolução do Carnaval, o ritmo ganha suas variações e os blocos e agremiações carnavalescas, mesmo as mais antigas, o incorporam à sua história. O Frevo de rua era uma dança dos populares, diferente dos Clubes de Alegorias Críticas que reuniam toda a elite em salões fechados para brincar o Carnaval. Por conta da dita “violência” com que os foliões brincavam o Frevo, por diversas vezes, as elites investiram contra o Carnaval de rua.
No livro “Memórias da Folia. O Carnaval do Recife Pelos Olhos da Imprensa”, Evandro Rabello traz algumas passagens que fazem a denúncia, como esta de Rita de Cássia Araújo: “O Frevo daquele Recife arrastava multidões. Juntava o mundo do trabalho proletário (...) ao mundo da desordem urbana (...) que a República pretendia controlar e disciplinar. Era o mundo da desordem brincando na folia e fazendo tremer e temer as elites e autoridades da Primeira República residentes na cidade. Eram os passistas fora do mocambo, frevando nas ruas e as elites refugiando-se nos sobrados a arquitetar maneiras de controlar a onda popular. (...) A polícia proibia desfiles e ensaios e dispersava arbitrariamente os clubes. A imprensa criticava as evoluções, cantos e manobras e desqualificava os jornais publicados pelas agremiações”.
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