quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Misturas
Para proteger a banda da violência dos foliões das bandas rivais, que não poupavam socos e pontapés contra os músicos, cada orquestra tinha um cordão humano isolando e protegendo seus músicos. Muitos dos foliões que faziam parte desse cordão humano carregavam consigo armas brancas; facas, cacetetes e pedaços de pau, o que tornavam as brigas entre as “torcidas” adversárias cada vez mais violentas. Com os resultados cada vez mais graves das brigas, chegando a deixar vítimas fatais, a polícia proibiu que os acompanhantes das bandas portassem armas.

Diante de tal determinação, surgem como figuras importantes para a criação do Passo, os capoeiristas. Como os jogadores de capoeira não precisavam de armas para fazer a segurança da banda, podiam com suas próprias pernadas ganhar uma briga, e tomaram o posto de defensores dos músicos. O cordão humano que fazia a proteção da banda passou a ser composto por capoeiristas que, ao notarem a aproximação dos grupos rivais, jogavam os golpes dançados para camuflar as desavenças.

Foi da ginga da capoeira, com a cadência do Frevo, que nasceu o Passo. Incorporado à dança foi também o guarda-chuva dos capoeiristas e foliões, que mais que proteção contra a chuva, bem vinda pelo calor, servia na verdade como arma, como cacete para ajudar nas brigas. Hoje, os antigos guarda-chuvas deram lugar às lindas sobrinhas de Frevo que, com o tamanho menor, embelezam as centenas de passos que compõem a dança.

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