quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

A Dança como Arte - Heranças de Luis XIV

1a. parte
por Danielle Girotti Callas
Compor música, pintar, compor poemas, tocar um instrumento musical, interpretar uma personagem, escrever um roteiro de cinema, dirigir um roteiro, desenhar e costurar um figurino (vulgo “fantasia” no balé), dançar – diversas são as formas de “escape” das emoções e dos pensamentos humanos. A dança é, em primeira instância, a transmissão dos sentimentos através da expressão do corpo humano. É o estado do "ser". Dança-se até sem música, sem figurino adequado, sozinho, na chuva - as condições externas (som, luz, palco) podem intervir em um espetáculo que possui começo, meio e fim , contudo, na realidade a essência da dança vem da alma, sem começo, meio e fim. Tudo isso por ser movimento e sendo movimento é vida. Os movimentos permanecem no inconsciente. Até mesmo no balé de repertório - aqueles com coreografias montadas que vem sendo representados por diversos bailarinos há séculos - a música instiga certos movimentos da alma, mas cada alma, cada bailarino interpreta a coreografia e a música de uma maneira muito particular. Duas bailarinas, ou dois bailarinos, podem dançar a mesma música, a mesma coreografia, de formas completamente distintas
Tudo isso, para tentar mostrar que se deve enxergar além do movimento. A dança ao longo da história é capaz de descrever uma sociedade, uma política, um governante. Ela está diretamente relacionada ao folclore e à religião . Ela tem o poder de ser até um ato de denúncia e de protesto ou uma demonstração de alegria e de prazer.

Pode-se dizer que a humanidade “sempre dançou” – desde a era primitiva até os tempos contemporâneos. Ressaltando que isso não significa que a humanidade sempre dançara de forma idêntica, nem com o mesmo objetivo. A natureza e a função da música variam conforme a época e o estado evolutivo das sociedades. No paleolítico a dança possuía um caráter mágico-religioso envolvendo um ritual que produzia diretamente os efeitos desejados – comemoração da chuva, da caça bem sucedida, da vitória ao combate. A dança era forma de comunicação com o sobrenatural. E, inclusive, algumas religiões asiáticas acreditavam na origem divina da dança. Algumas evoluções coreográficas, por serem interpretadas como ofensas, foram interditadas. Posteriormente, surgiu a dança que não possuía outro objetivo senão o do prazer em si. Nessa categoria, estão as danças da Grécia Antiga, as danças folclóricas e populares de diferentes sociedades e, inclusive, os bailes e as danças de salão.
(Danielle G. Callas é colunista da Revista do Autor - www.revistaautor.com.br; Renascence Ballet publica versão adaptada deste texto em postagens diversas)

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