quinta-feira, 12 de junho de 2008

Um Artista Brasileiro: Gerson Borges


Renascence Ballet publica uma entrevista do cantor e compositor Gerson Borges concedida ao site da Editora W4 (http://www.w4editora.com.br/) em maio último. Um dos talentos mais significativos da música devocional brasileira, Borges é autor do maravilhoso "A Volta do Filho Pródigo", álbum conceitual, inspirado na obra lítero-teológica de mesmo nome do padre holandês, radicado na América do Norte, Henri Nowen, que por sua vez faz eco ao célebre "tableau" de outro holandês - que, aliás, ilustra a capa do disco - o grande Rembrandt van Rjiin, e à parábola evangélica.


da página da W4 Editora
Considerado um dos mais criativos artistas cristãos da atualidade, Gerson Borges é um "pastoetador", como ele mesmo se define, ou seja, pastor, poeta e educador. Formado em letras e com pós-graduação em Literatura Brasileira, Gerson é um músico competentíssimo, grande amigo e um dos artistas pelos quais tenho o maior respeito e admiração.Gerson chega para nos ajudar em diversos projetos da editora, sendo que o primeiro livro sairá ainda esse ano e conterá um CD de músicas inéditas, compostas pelo próprio Gerson e com a participação de um grupo de músicos da mais alta qualidade. Além disso, ele é o primeiro de uma série de autores brasileiros inéditos que serão publicados pela W4 Editora nos próximos anos.
A seguir, uma pequena entrevista feita com o mais novo integrante da família da W4 Editora:

W4 Editora: Gerson, me conte um pouco da sua trajetória nas artes e na igreja.
Gerson Borges: Comecei a tocar, compor e cantar na pré-adolescência, com 12, 13 anos. Nada demais: um violãozinho, acompanhando as músicas que a gente cantava nos cultos, nos grupos musicais da igreja. Mas logo percebi que podia me expressar com a música e a poesia.Tímido, tinha coragem de dizer - cantando - coisas que não era capaz de falar. Logo vieram festivais estudantis e concursos de "música sacra". Passei a compor pensando neles... nos prêmios. Coisa tola, é claro, mas no final das contas serviu para apurar o senso estético, o engenho poético, o conteúdo teológico, a harmonia e a gramática, já que tudo isso era julgado pelos jurados. Aos 20 anos, venci um importante festival no SESC e gravei 3 canções, numa coletânea chamada "Música Viva!", título de um programa na Rádio AM no Rio que ajudou a revelar a vida e a obra de Janires e do Rebanhão, por exemplo. Aí não parei mais: gravei um LP solo em 1991, independente, com meus amigos da Comunidade S8 e da IEC de Venda das Pedras, uma igreja muito musical e criativa e que muito me influenciou. Depois, mais um, em 1993, "Estrangeiros", sempre com canções minhas, versando sobre adoração, relacionamento amoroso (coisa avançada para a época!) e a temática de missões. Em 1998, já em São Paulo, co-produzi e compus a maioria das canções de "Povo de Deus, povo missionário", com a IBBC , um álbum muito bom e que contou com a participação de novos amigos: Jorge Camargo e Guilherme Kerr, além de músicos de talento, como Joel Gisiger (oboé da OSESP) e Wagner Bertolino (agora radicado nos EUA). Depois vieram outros trabalhos, como "Tua presença vai me transformar" (2004) e "A volta do Filho pródigo" (2006), um musical produzido pelo João Alexandre e por mim, com músicas minhas e muitas participações (Jorge Camargo, Tiago Vianna, Josué Rodrigues e outros).
Além da música, preciso dizer que sou pastor (Comunidade de Jesus), ministro de louvor desde a juventude e tenho formação e atuação educacional-pedagógica em Letras (graduação) e Literatura Brasileira (pós-graduação). Me defino como um pastoetador - pastor, poeta e educador. As três coisas formam uma só vocação e ministério. Estão uma integradas nas outras. Completam-se.Compor, escrever (prosa e poesia), ensinar, pregar, tudo isso são caminhos de expressão da minha visão de unir vocacionalmente a "verdade da beleza e da beleza da verdade". Essa é a minha busca, sonho e missão.

W4: Quais os últimos três livros que você leu e os últimos CDs que ouviu?
GB: Simple Church (Thomas Rainer), The Genese Diary (Henri Nouwen) e O caçador de pipas (nas férias, só pra descomprimir...), se bem que leio várias coisas ao mesmo tempo... três ou cinco livros, por trabalho e por prazer.Tenho escutado Madeleine Peyroux, Noa (cantora Isaraelense, num álbum lindo, produzido e arranjado pelo Pat Matheny Group), o disco Cantoria, com Xangai, Elomar e cia e o DVD do Zé Renato.

W4 Editora: O que o levou a fechar com a W4 Editora a publicação de seu primeiro livro?
GB: O fato de admirar o trabalho editorial da W4, sempre competente, audacioso e arriscado. Basta ver os seus títulos e o foco nas artes... O Catálogo da W4 é um oásis!

W4 Editora: Conte um pouco sobre o projeto do livro. O que você espera que o livro inspire em seu leitor?
GB: Esse livro é minha contribuição para mudar o que acontece nas igrejas em termos do que acostumamos a chamar de adoração. Sobretudo quando se fala em música e arte. Penso que há alguns equívocos - para não chamar logo de vícios - pecados que precisam e podem ser lidados, como o individualismo, a mediocridade e a religiosidade. Meu texto é fruto de quase 20 anos de trabalho musical (ministério) na igreja. Minha intenção é propor movimentos-antídotos para essas verdadeiras pragas que têm tornado a experiência corporativa (não em termos de empresa, mas do Corpo de Cristo, claro) de culto algo vazio, sem gosto e sem sentido. Não penso que meu caminho seja O caminho mas UM caminho e que, mediante Deus, possa servir de base, de chão para tentativas de mudança. Se a igreja de hoje quiser ser relevante, certamente deverá rever suas experiências cúlticas, entre outras questões-chave. Contra o individualismo, proponho a Comunidade. Contra a mediocridade, a Criatividade. E, por fim, combatendo a Religiosidade, a noção bíblico-teológica-histórica da Espiritualidade. No culto. Na vida.

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