por Adriana Pavlova, da Folha de São Paulo
A trágica história de Inês de Castro, rainha portuguesa coroada depois de morta, que já inspirou grandes escritores -entre eles, Luís de Camões-, materializa-se no palco do Teatro Alfa neste fim de semana em formato de Dança.
Na esteira das comemorações dos 200 anos da chegada da família real portuguesa ao Brasil, a Companhia Nacional de Bailado, com sede em Lisboa, apresenta uma versão coreografada do amor proibido do príncipe Pedro e de sua amante Inês.
Em sua segunda visita ao Brasil, a mais importante companhia de Dança portuguesa em atividade escolheu a obra mais histórica de seu extenso repertório. "Pedro e Inês", coreografado pela também portuguesa Olga Roriz, é um Ballet tão denso e dramático como a história verídica dessa paixão abortada em Portugal, no século 14. "Inês de Castro transformou-se num mito da literatura, cuja história é um marco muito forte para o povo português. Não tivemos dúvida, portanto, que numa época de comemorações envolvendo Brasil e Portugal, este seria nosso Ballet mais adequado", conta o coreógrafo Vasco Wellenkamp, diretor artístico da companhia e velho conhecido do público brasileiro, por já ter criado obras para grupos daqui, como o Balé da Cidade e o Cisne Negro.
O que se viu no Rio de Janeiro, há duas semanas, no início da turnê que termina agora em São Paulo, é um espetáculo que, apesar de não contar a história do casal apaixonado de forma cronológica, segue um caminho mais literal para levar à cena o trágico desenlace.
História não-linear
A coreógrafa Roriz usa e abusa de uma Dança teatral para revelar, com a ajuda de 22 bailarinos, o sofrimento dos amantes perseguidos pelo pai de Pedro, o rei Dom Afonso 4º, o assassinato de Inês e a coroação póstuma dela.
"Todos os aspectos da tragédia estão lá retratados de forma muito expressiva pelos bailarinos, embora não haja uma história linear", diz Wellenkamp.
Dividido em sete cenas, "Pedro e Inês" tem uma cenografia diferenciada. Num dos primeiros momentos, o casal de bailarinos que encarna os amantes surge dançando numa piscina de águas claras. Trata-se de uma alusão à Fonte dos Amores, na Quinta das Lágrimas, em Coimbra, onde Inês foi morta e, diz a lenda, chorou-se tanto por sua morte que surgiu um pequeno lago.
A Companhia Nacional de Bailado que vem ao Brasil é apenas parte de todo o grupo de 72 bailarinos que compõem a trupe fundada em 1977 para ser a principal referência de dança portuguesa. Nesse tempo, o grupo investiu num repertório eclético, que segue a linha de grandes companhias estatais, como o Ballet da Ópera de Paris ou o russo Kirov, misturando grandes clássicos das sapatilhas com criações modernas.
Com a chegada de Wellenkamp, no ano passado, a proposta é investir mais em encomendas de criações próprias, como "Pedro e Inês".
P. A jornalista Adriana Pavlova viajou a convite da produção.
Pedro e Inês
Quando: hoje e sábado, às 21h
Onde: Teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho 722; tel. 5693-4000; classificação: 6 anos)Quanto: R$ 40 a R$ 95
(in www.folha1.uol.com.br)
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