d´O Povo
Há tempos, a "arte pela arte" virou demodê. O conceito, já tão fragmentado, aparece agora costurado por uma porção de outros significados. Cidadania e ética são um deles. Foi nessa dimensão que a carioca Silvia Soter, crítica de Dança do jornal O Globo, fez do trabalho do professor e coreógrafo paulista Ivaldo Bertazzo um objeto de estudo. Mais precisamente, do trabalho realizado por ele a partir do início dos anos 2000 no Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm), localizado na Favela da Maré, uma das mais de 500 do Rio de Janeiro.
A experiência é destrinchada por Silvia no livro Cidadãos Dançantes: A Experiência de Ivaldo Bertazzo com o Corpo de Dança da Maré, (...) lançado na VI Bienal de Dança do Ceará. Ela, que também é professora do curso de Dança da UniverCidade (RJ), passeia pela elaboração de dois espetáculos de Bertazzo com o grupo que obtiveram rasgados elogios na imprensa do eixo Rio-São Paulo. A pesquisadora reflete sobre as possibilidades de construção de uma noção de cidadania a partir do trabalho de corpo desenvolvido pelo coreógrafo com crianças e jovens em situação de risco social.
Nesse processo, Silvia atenta para o fato de que, apesar de Bertazzo promover uma conscientização dos jovens sobre a potência de seus próprios corpos como transformadores de realidade e como escudos para as instabilidades da contemporaneidade, há ainda um desafio a ser superado. É a ampliação do espaço para a construção da autonomia de ação desses corpos, ainda pouco trabalhada. Em uma época no qual a iniciativa privada investe cada vez mais em projetos sociais que buscam a arte como mecanismo de trabalho, a reflexão vem a calhar.
Cidadãos Dançantes: A Experiência de Ivaldo Bertazzo com o Corpo de Dança da Maré
Silvia Soter UniverCidade
(in www.opovo.com.br)
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