Conclusão
Apesar de recentemente terem surgido novos estudos sobre Hildegard de Bingen, ainda há muito para ser feito e um caminho que nos parece bastante fértil é o que venha a desenvolver uma leitura integrada de sua obra com o contexto mais amplo das discussões da época. Quem sabe mesmo um trabalho acadêmico de equipe, muito abrangente e privilegiando a interdisciplinaridade.
O simbolismo que se encontra enlaçado nos relatos das visões merece por si só uma reflexão específica. No entanto, não deve ser totalmente destacado de uma compreensão mais ampla do maravilhoso que permeia as mentalidades do século XII e que torna possível a aceitação de uma visionária, profetisa e terapeuta cujo alcance ultrapassa tudo o que se poderia esperar de uma mulher medieval.
A insistência de Hildegard em sua humildade, reafirmando constantemente ser apenas um veículo para a palavra divina, abre espaço para que o maravilhoso e o fantástico possam aflorar livre de censura em seus escritos.
Vários fatores, portanto, são fundamentais para o amplo reconhecimento de Hildegard, o que não diminui, porém, as qualidades intrínsecas da sua vasta obra, bem como sua tenacidade e sobretudo sua aguda compreensão da época e das condições políticas do momento.
Já a partir do final do século XII todas as sementes estarão lançadas para as complexas transformações que vão ocorrer em seguida, com a entrada em cena das ordens mendicantes, no século XIII e com o crescimento da importância das universidades como centros produtores de saber. Delinear-se-á, então, um mundo no qual dificilmente haverá lugar para a afirmação de uma personalidade feminina como a de Hildegard de Bingen.
(in www.revistamirabilia.com)
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