Há na história da Literatura Moderna uma gama enorme de exemplos bem sucedidos de encontro entre a Expressão Plástica e o Registro Literário. Gustavé Doré ficou célebre, no século XIX, com as ilustrações que fez da "Divina Comédia". O "perfommer" Salvador Dalí já se debruçou sobre o "Dom Quixote" de Cervantes. É impossível conceber uma montagem do drama "Salomé" de Oscar Wilde, sem a recorrência às imagens que Aubrey Beardsley imprimiu aos versos do comediógrafo irlandes.
Também é inevitável falar de "Sagarana", "Magma" e "Grande Sertão: Veredas", verdadeiros monumentos da prosa brasileira, de autoria do "clínico" mineiro João Guimarães Rosa, sem vir à mente os desenhos de Poty, uma das figuras mais emblemáticas "de l'art d'ilustration" no Brasil. Poty e Rosa estabeleceram uma parceria cuja a cumplicidade era visceral, tal como das vísceras é o que vem do interior de um país tão carente e infeliz como o país dos brasileiros.
Francisco Miguel Spínola, admirador confesso da poesia rosiana, desloca seu olhar crítico para as vísceras deste sertão apaixonante cantado por Guimarães Rosa, e nos brinda com um convite ao mergulho nas páginas daquele que, no dizer de muitos, é o maior prosador ficcionista da língua portuguesa no século XX.
De Francisco Miguel, Renascence Ballet já publicou "A Calmaria Aparente" e "A Mulher e seu Amante", ensaios sobre, respectivamente, "Missa do Galo" de Machado de Assis e "Felicidade Clandestina" de Clarice Lispector.
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