Renascence Ballet dá prosseguimento a publicação dos artigos de Camila do Amaral sobre os estilos que marcam as facetas da Dança. Após ter escrito sobre a tradição clássica, Camila, colaboradora da coluna "Plie" do portal "pe360graus", nos dá um breve panorama sobre a aventura moderna e os novos rumos contemporâneos.
por Camila do Amaral
É bastante comum lermos, em sites da internet, artigos sobre dança afirmando que o ballet moderno é também conhecido como contemporâneo. Apesar de o primeiro ter sido o pioneiro em romper as regras clássicas e introduzir novas ideologias na dança e, por isso, ter sido o grande influenciador do segundo, os dois estilos se diferenciam não só no período de surgimento como também na técnica. Devido às diferenças entre os dois, darei continuidade ao tema "A dança e seus estilos" abordando o ballet moderno e o contemporâneo.
O ballet moderno surgiu no Brasil na década de 1970 e desempenhou um papel de vanguarda, renovando a linguagem estética e contribuindo para uma nova discussão sobre o que seria o "nacional" na dança, debate que estava diretamente ligado com a nova consciência crítica da situação política e social do país. Entre as décadas de 1930 e 1950, revelou-se o anseio de conceber um bailado nacional por meio da lógica interna do balle clássico europeu. Para os adeptos do estilo moderno, a dança brasileira não poderia ser expressa por meio de uma técnica tão codificada, sistematizada e cuja tradição advinha da aristocracia. A dança não poderia mais apresentar obras alheias à realidade; não era mais possível dançar somente o etéreo.
Foi a partir da década de 70 que técnicas já utilizadas no exterior, como a de Martha Graham e a de Laban, tornaram-se parte do universo dos profissionais da dança no Brasil. São Paulo foi o celeiro da dança moderna brasileira com a colaboração de importantes nomes da cena paulista e das companhias Cisne Negro, Balé da Cidade de São Paulo e Ballet Stagium. A proposta do ballet moderno era fazer da dança uma via de posicionamento do homem no seu meio. Diferentemente do que acontecia no ballet clássico, os bailarinos da dança moderna, muitas vezes, eram estimulados a criar, participar de laboratórios que trouxessem sentimentos, idéias e seqüências pessoais para a coreografia. Dessa forma, a dança moderna propiciou radicais transformações em termos de novos padrões de movimentação, possibilidades técnicas, métodos de criação e arsenal conceitual.
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