Como foi o início de sua trajetória?
Aprendi a dançar com Reginaldo Flores, no Auditório Lourival Baptista, depois fui para a Studium Danças, e desde muito cedo eu comecei a coreografar para escolas, para gincanas. Naquela época eu não sabia muito o que eu estava fazendo. Mas hoje eu estou aprendendo a dar valor ao que eu fazia.
Como foi que surgiu a oportunidade de ir para Londres estudar dança numa das escolas mais conceituadas do mundo, a London Studio Centre?
Em 1998 eu participei de um concurso de bolsas de três anos, que aconteceu em Brasília, com feras de toda parte do país. Eu não estava nem um pouco confiante, tinha certeza que não chegaria a final, por isso eu tinha que levar três coreografias prontas, mas acabei levando só duas. Passei nas duas primeiras fases e fiquei para a final, só que não tinha a última peça coreografada. Fiquei sabendo que ia para final às 14h e tinha que apresentar às 18h. Aí eu improvisei uma roupa, coloquei uma música e dancei. O teatro foi à loucura! Todos os outros finalistas estavam muito preocupados com técnica, e eu entrei dançando um afro-contemporâneo. E aí na categoria contemporâneo livre eu fui o vencedor. Só que eu só tinha garantida a bolsa, nada de falar inglês, nem viagem internacional, nem grana para me manter!
E aí, pensou em desistir?
Eu nunca desisto das coisas que eu começo a fazer. Aí fiz shows, coreografei peças juntei um dinheirinho, muita gente me ajudou. A passagem eu ganhei de uma amiga, só que era só passagem de ida. Dois meses depois que eu estava lá, lavando muito prato para poder me sustentar, eu pensei em voltar. Foi aí que eu descobrir que não tinha volta.
Se você tivesse ficado em Aracaju, você acha que estaria fazendo o que?
Acho que eu estaria estacionado... ou dando aula numa escola de dança... ou estaria em outro lugar, talvez Rio, São Paulo... Na verdade eu nunca parei para pensar (risos).
E você tem vontade de voltar?
Não. São oito anos fora. Lá eles valorizam mais a dança. Eu não consigo viver sem Londres. Mas meu grande sonho é que esse Teatro Tobias Barreto possa ter futuramente uma boa companhia de dança. O teatro é maravilhoso, tem uma sala de dança fantástica, mas falta a companhia da dança do Estado. Eu não tenho a pretensão de ser o coreógrafo, mas eu quero ver nascer essa iniciativa. O governo patrocina tanta coisa, mas sempre deixa de lado a dança. No Projeto Verão mesmo, o palco que ele ofereceu para as apresentações de dança foi uma vergonha. Eu nem consegui ver o espetáculo e fiquei super triste com isso. Investiram tanto dinheiro em show, palco grande para os artistas e colocaram um palco vagabundo para as companhias de dança. Isso é um absurdo. Eu acho que não é por aí. Mas isso depende dos profissionais também.
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