por Mark Carpenter
O melhor das artes nos põe frente a frente com o belo e o verdadeiro, assim refletindo a criação de Deus e seu caráter. A base da sabedoria está na obediência à Palavra e na intimidade com o Senhor, mas o que lhe dá contexto é a fluência nas linguagens abstratas dele. O convívio com as artes nos ensina a ver nuanças e entrelinhas. A seguir, minhas indicações sobre o que surgiu de melhor em 2006.
Cinema
A Lula e a Baleia. Um dos poucos filmes de Hollywood que tratam dos efeitos devastadores do divórcio sobre as crianças. Apresenta um olhar fixo e fulminante. Com Laura Linney. A Dama na Água. O filme mais mal-compreendido no ano. Preste atenção nas metáforas e alegorias, em detrimento da narrativa intencionalmente inverossímil. Superman — O Retorno. O mais messiânico dos super-homens volta à terra para fazer a vontade do pai: salvar os homens de si próprios. Elsa e Fred – Um Amor de Paixão. Um retrato comovente sobre os sacrifícios e limites do amor que se reacende na velhice. Um hino à sabedoria da tolerância. Vôo United 93. Admiravelmente contido do ponto de vista ideológico, este tratamento quase documentário imbui cada detalhe com o poder brutal do desfecho conhecido.
Livros
Everyman, Philip Roth. Roth enfrenta o espectro da morte neste romance austero contado de trás para frente. São trágicas as estóicas justificativas de quem não consegue enxergar a Deus. Sábado, Ian McEwan. O mestre da contenção emocional concentra sua atenção em um homem inglês que enfrenta uma maré de paradoxos e decisões de caráter moral e ideológico. Prayer, Philip Yancey. Empolgante a leitura que Yancey faz da Palavra de Deus. Desta vez, busca o significado da prática da oração. Vale a pena orar para um Deus que responde apenas quando quer? Verdade Absoluta, Nancy Pearcey. O que ocorre quando a separação entre igreja e Estado produz uma política vazia de verdades absolutas? Uma defesa arrasadora do cristianismo integral. A Arte da Política – A História que Vivi, Fernando Henrique Cardoso. A autobiografia política de FHC mais parece um thriller que um livro de memórias. Leitura obrigatória, independente da persuasão política do leitor.
Música
Riot on an Empty Street, Kings of Convenience. Imagine Simon & Garfunkel em ritmo de bossa nova. As harmonias vocais da dupla norueguesa entoam poemas extemporâneos, compostos por quem conhece a língua inglesa de longe. Blue on Blue, Leigh Nash. Lamentei em 2004 o fim da excelente banda cristã Sixpence None the Richer. O CD solo da vocalista é grata surpresa, pois mantém toda a excentricidade de Sixpence. Universo ao Meu Redor, Marisa Monte. Ironicamente, o mais belo CD da cantora é justamente aquele mais se distancia do seu gênero usual. Um clássico instantâneo. Day Is Done, Brad Mehldau Trio. Mehldau é o melhor pianista de jazz da nova geração. Faz leituras de outros gêneros (Radiohead, Beatles) e cria novas maneiras de atrasar-se e adiantar-se sobre compassos e síncopes, sem sacrificar sonoridade. Modern Times, Bob Dylan. O melhor CD do cantor desde Slow Train Coming (1979) e uma festa para quem curte a poesia tosca do subentendido. Dylan continua novo, cada vez mais consciente de sua condição de criatura de Deus.
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