por Francisco Pedro, do Jornal de Angola
"Angola no universo cultural afro-argentino" foi o tema de uma conferência proferida ontem ao cair da tarde, na União dos Escritores Angolanos, pela professora argentina Elida Obella, presidente da Federação das Associações Afro-argentinas e assessora do Instituto Nacional Argentino contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo. Durante a sua dissertação, a líder afro-descendente abordou a perpetuação e cristalização na Argentina de aspectos de carácter linguístico e antropológico das culturas do litoral angolano, de manifestações de cunho, visivelmente dos reinos do Congo, Ngola, da Matamba e Benguela, respectivamente.
Além disso, a especialista, que é oriunda de uma família mundongo de Buenos Aires, insistiu sobre as diversas expressões coreográficas do candombé, nas suas variantes semba, loanda e tango. Inserida na celebração do 30ª aniversário do Museu Nacional da Escravatura, assinalado no passado dia 7 deste mês, a conferência de Elida Obella, que se encontra em Luanda a convite do Ministério angolano da Cultura, constou do leque de actividades programas para saudar a data, entre reuniões, conferências e visitas aos museus da Escravatura, de Antropologia e ao Arquivo Histórico Nacional.
Segundo o director do Museu Nacional da Escravatura, Simão Souindoula, o convite à especialista argentina resulta da participação da Primeira Dama da República de Angola, Dra. Ana Paula dos Santos, nas primeiras actividades relativas ao mês da Cultura Afro-argentina, organizado em Julho passado, na Argentina. Entre os objectivos preconizados desse intercâmbio, Simão Souindoula disse que se pretende estabelecer ligações com investigadores que se dedicam aos estudos da componente africana da cultura argentina (traços linguísticos e antropológicos, realidades sociológicas), relações com escritores, músicos, artistas plásticos, coreógrafos e animadores culturais afro-argentinos, com dirigentes de associações de cunho africano assim como responsáveis de museus e arquivos argentinos.
Estas perspectivas de intercâmbio, acrescentou o director do Museu da Escravatura, poderão ser entrevistas nos domínios da documentação, da investigação científica, das produções culturais e da formação. Actualmente coordenador do Comité de Angola do Projecto da UNESCO "A Rota dos Escravos", Simão Souidoula disse que a este nível já iniciaram trocas de documentos bibliográficos, iconográficos, fotográficos, audiovisuais entre o "universo" afro-argentino e as instituições angolanas. Prevê-se ainda a criação de uma Casa de Angola ou de África em Buenos Aires e a promoção de obras científicas ou literárias, de filmes documentários, de grupos de música e de Dança, assim como de exposições de artes-visuais ou de artesanato.
(in www.jornaldeangola.com)
Um comentário:
Ola Vlademir, gostaria de parabeniza-lo pela forma com que vem direcionando este blog , bem inteligente aproveitoso e culturalmente enriquecedor.Parabéns
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