por Gladston Mamede
A beleza feminina tem custos elevados, sabem-no os homens desde as priscas eras. Não só custos financeiros, mas custos pessoais, que são bem piores.
Nos anos 70, a moda eram as madeixas cascateando em volutas, lembro-me bem. Isso nos forçou à terrível convivência com os bobes: rolinhos ou – muito pior! – rolões, cobertos ou não por papel laminado. Minhas recordações de infância estão polvilhadas dessa figuras femininas com apensos esquisitíssimos na cabeça, forçando-as a manter coleções inteiras de lenços. Não se lembram dos lenços? Acho que foram extintos, junto com os bobes, quando os cabelos cacheados saíram de moda. Mamãe os tinha a dar com pau, mais ou menos coloridos, e em todas as padronagens para combinar com os mais variados vestidos. Pior é que as mulheres de então achavam mesmo que um belo lenço poderia, de alguma forma mágica, aliviar a horripilante feiura dos bobes em seus cabelos. E, assim, não se rogavam: apesar de rolinhos ou de rolões, cobriam-se com o lenço mais lindo e saíam de casa, serelepes, para a feira, a padaria, ou até para nos levar à escola. Ah! vergonha suprema! Que inveja tínhamos dos garoto s cujas mães só faziam isso nos salões de beleza, metendo suas cabeças (e bobes) em enormes ovos de metal: os secadores de cabelo.
Os tempos são outros. Somente em escavações arqueológicas encontram-se bobes e tocas térmicas, acredito. Pelo menos, o avanço dos video-games compensou a perda dos rolinhos que, quando mamãe saia, eram usados para brincar: túneis, muralhas, trincheiras para soldados de plástico. E se chegava mais cedo, a surra era certa.
Hoje, não se querem mais volutas: os cabelos devem despencar lisos sobre os ombros. No início, isso era garantido pelo muque e pela paciência dos manipuladores de escova. Em cabelos mais anelados, uma tal operação representa a perda de incontáveis calorias, além de uma perfeita definição de bíceps e tríceps. Foi então que cabeleireiros mais preguiçosos, exauridos do manejo de secador e escova, começaram a inventar novos meios de garantir o visual indígena ou nipônico das madeixas escorridas: a escova progressiva. Um poderoso coquetel de substâncias altamente corrosivas que, aplicados sobre a cabeça de qualquer incauta, convence qualquer fio de cabelo a se manter liso por boas semanas. Seria o paraíso, não fosse o risco de sair do salão direto para o pronto-socorro.
Para quem já tem cabelos lisos, mas nem tão lisos quanto a moda, há soluções mais. É o caso da patroa, que faz suas lanternagens regulares no Atrium, um salão de beleza ali na Estevão Pinto. Na última vez, o Paulo inventou de aplicar-lhe uma tal “escova de chocolate” que seria a quintessência da modernidade capilar. E assim o untu lhe foi aplicado nos cabelos e, ao final, veio o aviso: somente poderia lavar a cabeça três dias depois. Isso não é justo. Por lei, maridos deveriam ser consultados sobre tais manobras estéticas. Claro. O cara faz e recebe pelo tratamento, a mulher se empolga com o resultado e a gente sofre as conseqüências: três noites dormindo abraçado a um ovo de páscoa. Bah!
(in www.pandectas.com.br)
Um comentário:
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Um abraço a todos e sucesso sempre.
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