Otto Lara Resende, célebre jornalista mineiro, dizia sobre a amiga Clarice Lispector, que, ao invés de literatura, era bruxaria o que ela, de fato, fazia. Bruxaria também já foi atribuída à um outro literato brasileiro, o carioca Machado de Assis, que no bairro do Cosme Velho, em sua dolorosa Rio de Janeiro, retirava da miserabilidade do cotidiano o princípio fundamental para a confecção de um poderoso elixir, o da obra de arte eterna. Acompanhando a indicação velada de Lara Resende, pode-se, sem a menor hesitação, encontrar nos dois autores referidos a mesma genealidade notável que os aproxima tanto e os torna tão distantes - tão acima - dos outros ficcionistas de nossa prosa. Autora de obras perturbadoras e magistrais como "A Paixão segundo G. H." e "Laços de Família", Clarice Lispector é uma das figuras do universo literário brasileiro que mais receberam o foco da crítica desde seu "début" na década de 40 do século passado.
Leia em Renascence Ballet, na postagem de quinta, dia 18, ensaio de nosso colunista de literatura e cultura Francisco Miguel Spínola sobre o conto "Felicidade Clandestina" de Clarice. Inserto na obra de mesmo nome, publicada pela Editora Rocco, "Felicidade Clandestina" pode ser vista como uma espécie de "anti-ode" à uma arte que, tal como a "sorcellerie" é, em seu cerne, clandestina: a Felicidade.
De Francisco Miguel, Renascence Ballet publicou "A Calmaria Aparente" ensaio sobre "Missa do Galo", obra-prima do Bruxo do Cosme Velho.
Um comentário:
A crítica Nádia Batella Gotlib publicou, pela Editora Ática, uma biografia de Clarice que tem se tornado uma via de acesso ao seu talento e mundo para muitas pessoas: "Clarice: Uma Vida que se conta". Vale a pena conferir!
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