por Karla Dunder, d'O Estado de São Paulo
Em uma simples sala de ensaio localizada na Rua Sarandi, nos Jardins, nos idos de 1971, nascia, da união de Décio Otero e Marika Gidali, o Balé Stagium. Uma das principais companhias de dança do País comemora o seu aniversário de 35 anos com uma exposição de fotos organizada pelo fotógrafo Emídio Luisi, no Edifício Sé, da Caixa Cultural, até o dia 25 de fevereiro.
O fotógrafo dava os primeiros cliques quando o Stagium surgiu na cena paulista. Luisi captava as belas coreografias através de suas lentes. "Começamos juntos, o Stagium foi o marco inicial para mim, com eles eu aprendi a fotografia de palco, de cena", diz Luisi. A companhia tinha como propósito fugir dos tutus e dos contos de fadas e mergulhar na realidade brasileira, como por exemplo, em Quarup ou a Questão do Índio. As coreografias também surgiam inspiradas pela literatura, como Diadorim ou Quebradas de Mundaréu, adaptação do texto Navalha na Carne, de Plínio Marcos - dramaturgo perseguido pelos censores da ditadura. Essa identidade bem definida marca a organização da exposição. "Procurei apresentar essas características do Stagium, sem ser didático. A proposta é unir nos painéis a linguagem da dança com a da fotografia." O público poderá conferir 35 painéis com 70 fotos.
Sem dúvida, o Balé Stagium marcou a história da dança brasileira. Agora, os interessados terão oportunidade de percorrer os momentos marcantes dessa trajetória. Luisi acompanhou os 35 anos de carreira do grupo e, como ele diz, "sem obrigação." Não era o fotógrafo oficial da companhia, mas soube como ninguém captar a intenção do coreógrafo em cada gesto. "Não tem como resumir tantos anos de história em alguns painéis. Mostro o desenvolvimento desse trabalho, desses heróis da resistência, com todo o respeito que eles merecem." O resultado de tamanha dedicação ganhará o formato de livro a ser lançado em fevereiro. O autor faz mistério, no entanto, destaca que apresentará uma síntese do Stagium.
Stagium 35 Anos
Caixa Cultural - Pça. da Sé, 111 fone: (11) 3321-4400
de 3.ª à dom., das 9 às 21 h. Grátis
(extraído de www3.estadao.com.br)
Um comentário:
Além do Stagium, Emidio Luisi também direcionou suas lentes para um outro grande nome da dança contemporânea, o magistral Kazuo Ohno. Este registro, publicado pela editora paulistana Cosac&Naify, está posto no livro "Kazuo Ohno", com organização de Inês Bogéa. Confira aqui, em Renascence Ballet, sinopse da obra disponibilizada pela editora:
"Mais de cem imagens inéditas do grande bailarino japonês nascido em 1906, criador, com Tatsumi Hijikata, do estilo butô de dança, mundialmente admirado. As fotos foram tomadas em São Paulo nos anos de 1986 e 1997 pelo fotógrafo Emidio Luisi e são complementadas por textos da crítica de dança Inês Bogéa, além de entrevistas e depoimentos, como do dramaturgo Antunes Filho. O butô combina dança e teatro, em torno dos temas do nascimento, da sexualidade, do inconsciente, da morte e do grotesco. Essa poética de movimentos é capturada pela câmera de Luisi, que obteve de Ohno generosa cumplicidade. O livro, em tiragem limitada e envolto numa sobrecapa de papel artesanal, recebeu costura especial e cuidados artesanais de edição. Inclui 16 pranchas com fotos coloridas em 26,5 x 19,5 cm"
O site da Cosac&Naify é o www.cosacnaify.com.br.
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