quarta-feira, 22 de novembro de 2006

O que é o Pé?

Renascence Ballet publica artigo retirado da página virtual do Balé da Cidade de São Paulo, na seção "Fisiologia", sobre o pé, sua ordem estrutural, sua constituição fisiológica e os problemas típicos sofridos por bailarinos na vivência da Dança. O site do Balé da Cidade de São Paulo é o www.amigosbaledacidade.com.br.

Anatomia do Pé

Estrutura do esqueleto complexa, responsável por funções variadas como apoio, equilíbrio, impulsação, absorção de impacto e postura. Possui ação coordenada de 26 ossos, dezenas de articulações, ligamentos, músculos e tendões, além da rede neuro-vascular responsável pela nutrição e integração central destas estruturas cutânea e subcutânea que têm funções e diferenciações específicas do pé (sola, calcanhar e unhas).

Diante desta variedade de estruturas e funções é normal que a dança submeta os pés a uma série de problemas em virtude da sobrecarga de movimentos extremos e de alto impacto.

Os 26 ossos do pé são classificados segundo sua localização:

1 - Posteriores – tálus e calcâneo

2 - Medianos – cubóide, naricular e 3 cuneiformes

3 - Anteriores – 5 metatársicos e 14 falanges

Além desses ossos principais, o pé pode apresentar um número variável de ossículos acessórios e sesamóides.

Os ossos são mantidos unidos por cápsulas e ligamentos que estabilizam as estruturas e promovem, com a ajuda dos músculos, a manutenção do formato em arco (longitudinal e transverso) vitais para a dissipação da pressão do impacto.

Quando o equilíbrio entre as estruturas é rompido em qualquer nível, por falha, insuficiência muscular, trauma ou alteração anatômica, sinais locais e à distância podem aparecer com piora progressiva ou por crises frente ao esforço repetitivo.

Assim, temos lesões que variam desde calosidades dolorosas (agudas ou crônicas) até fratura de stress, passando por tendinites, contraturas musculares, sinovites, neurites, edema e entorses freqüentes.

Apresenta 3 grupos musculares, que vindo da perna se inserem no pé (músculos extrínsecos), controlando sua ação.

1 - Posterior – tibial posterior, flexor longo hálux e flexor longo artelhos

2 - Lateral – Fibular longo e curto

3 - Anterior – Tibial anterior, extensor longo hálux e extensor longo artelhos

Apresenta ainda os músculos intrínsecos que se originam e se inserem no próprio pé, como o músculo extensor curto do hálux e mais 15 pequenos músculos.

Diante disso fica clara a importância da correção e prevenção das lesões do pé por "overuse" na dança, sendo muito importante o diagnóstico da alteração ou lesão anatômica/funcional que geram o processo. A correção destas patologias evita, inclusive, a extensão do desequilíbrio às estruturas superiores do esqueleto (coluna).

A articulação do tornozelo está entre o tálus, tíbia e fíbula. A estabilidade medial é dada pelos músculos tibiais anterior e posterior, pelo músculo flexor longo dos artelhos pelo músculo flexor longo do hálux. A estabilidade lateral é garantida pelos músculos fibulares, ligamento talo-fibular e calcâneo-fibular.

A manutenção da postura ereta é obtida através da tensão passiva dos músculos posteriores do corpo, principalmente pelo músculo solear.

Tipos de Pés

Os 2 arcos do pé são o longitudinal e o transverso. O suporte extrínseco é dado pelos músculos da perna e o intrínseco pelos ligamentos e musculatura do pé.

O pé plano ocorre pela queda do arco longitudinal do pé. Os ossos do tarso tendem a formar uma linha reta em vez de um arco, perdendo a função de amortecimento.

No pé cavo, o arco longitudinal é muito acentuado, há excesso de pressão nas cabeças dos metatarsianos que estão abaixadas, com formação de calosidades e fascite plantar por processo de corda de arco.

O arco tranverso do pé é formado pelos 5 metatarsianos. Com sua queda, as cabeças do 2º ao 4º metatarsianos passam a tocar o solo, ocorrendo a contratura do m. adutor do hálux. Pode haver a formação do hálux valgus. O apoio anormal dos metatarsianos leva também à formação de calosidades plantares e à metatarsalgia crônica. A persistência dessas alterações associado ao overuse leva à artrose precoce.

Incidências e Fraturas na Dança

Todos os ossos do pé estão vulneráveis, pelo constante trauma direto entre o pé e o chão, mas as fraturas de calcâneo e talus são mais raras, sendo mais observadas as fraturas das falanges dos artelhos.

Fraturas por stress na dança ocorrem mais no 2º e no 5º metatarsianos. Ocorrem quando o osso é submetido a frequentes microtraumas. Não há uma história de trauma específico e sim dores inespecíficas há um certo tempo.

As "síndromes de overuse" do pé são percebidas quando surgem manifestações de:

Mialgia
Tendinite
Neurite
Distensão
Bursite de calcâneo
Fascite plantar
Metatarsalgia
Calcâneo doloroso
Dor no antepé
Sesamordite
Calosidade


Todas as ocorrências citadas acima requerem tratamento imediato com o diagnóstico médico e tratamento fisioterápico, mas para evitar lesões o melhor caminho é a prevenção, com o trabalho diário de aquecimento, alongamento, fortalecimento muscular, propriocepção e consciência corporal.

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